Meus queridos!
Durante uma semana participei de um curso de extensão no exercito! O treinamento foi bem bacana e o resultado também. Vou colocar algumas fotos para vocês. Ah, também escrevi um texto e espero que gostem. Usei muito a emoção, por isso não gostei tanto!
Quanto vale uma imagem e qual o
valor de uma vida? Escolher ser jornalista e aprender a lidar com o medo, e não
eliminá-lo. Muitas pessoas escolhem a profissão dos sonhos, do dinheiro ou até
mesmo por status, mas, o jornalismo escolhe as pessoas. É necessário amor,
paixão e muita curiosidade.
O jornalista precisa estar
preparado para tudo, pois um conflito não escolhe plantão e não respeita escala
de trabalho, também, é necessário força, garra e um psicológico forte. O
repórter de verdade não pensa duas vezes na hora de realizar uma cobertura,
seja no morro ou fora do país. Mas, é necessário entender os riscos. Como
tantas outras profissões o repórter corre perigo, o tempo todo, pode ser
atingido bala perdida, ou uma explosão ou até mesmo perder a vida. Por isso, é
importante entender o valor de uma imagem.
Atualmente, o telespectador não
quer saber se houve um tiroteio no Morro do Alemão, ele quer ver a bala perdida
que matou o morador Y. Não basta saber da informação, é preciso ter imagens e
repassa-la. Se o jornalista de determinada empresa não estiver presente em
determinada área ou conflito, o concorrente com certeza vai estar e a matéria
estará no ar. Mas, até que ponto vale a pena arriscar a própria vida por uma
matéria?
A vida é o bem mais precioso que
temos e sem sombra de duvida ninguém quer arriscar o próprio pescoço para gerar
noticia para a emissora. Mas, às vezes é necessário estar no campo minado,
correr esse risco e fazer vale a pena tudo que aprendeu dentro da redação, nem
que seja pensando apenas no prêmio de melhor jornalista. É necessário um preparo.
Estar em um conflito urbano não é
simplesmente pegar o carro, chamar o cinegrafista e aperta o REC. Existe uma diversidade
de cursos que preparam o profissional da informação para esses combates, cursos
intensivos que provocam situações reais. O repórter não precisa levar um tiro
de bala de borracha para saber que dói, nem uma facada para saber que é preciso
tomar cuidado. Por isso, os cursos são tão importantes para a vida do
jornalista. Estar preparado é sempre estar na frente.
Afinal de contas, o Brasil está
passando por um período de mudanças, movimentação e muita manifestação. O povo
está na rua, com bandeiras, voz e algumas pessoas optam pelo vandalismo e violência.
Ao mesmo tempo, em outros países centenas de carros e prédios são incendiados e
pessoas são presas diariamente. Tanques de guerra estão nas ruas e pessoas
presas em casa com medo de toda movimentação irregular. Qual o papel que o
jornalista deve exercer em momentos como esse? E o posicionamento? E o veiculo?
Não é preciso ir longe para
encontrar um cenário de guerra como esse. O famoso gigante acordou, movimentou
redação, deixou muito jornalista sem saber para onde ir, sem informação. O
junho de 2013 será lembrado para sempre na memória dos brasileiros. E será que
os jornalistas estavam preparados para cobrir tanta manifestação e movimento de
vandalismo? E o sensacionalismo? A imparcialidade? E conteúdo? Muito jornalista
estava perdido no movimento, sem entender de historia e política, pior ainda,
sem saber como se defender no meio de tanto spray e tiro de borracha.
Conflito é conflito. O jornalista
não precisa realizar cursos de extensão de correspondente em assuntos de
conflitos só para realizar a cobertura no Haiti, Afeganistão ou Ira. Ele
precisa estar preparado para subir as favelas pacificadas, saber como reagir
durante um tiroteio, e também lidar com a fúria de manifestantes em meio a uma
manifestação urbana. Calma, foco e segurança.
Mas, às vezes é necessário
estabelecer metas e o foco da cobertura ou da missão. O jornalista tem o papel
de cumprir com a verdade, mostrar a realidade e não deixar nada passar. E o que
fazer quando a repórter precisa do apoio da policia para entrar em um conflito?
Quando o exercito vai dar cobertura para o correspondente internacional? Como o
jornalista deve se portar nessa situação, esta do lado da noticia ou da
segurança pessoal?
O repórter não precisa ser
irresponsável para conseguir dar o furo ou registrar um fato. É possível estar
em um conflito sem correr risco, é necessário respeitar a segurança e os
limites invisíveis que o a situação propõe. O jornalista tem o papel de fazer
noticia e não de ser a noticia. Por isso, é necessário cuidado, preparação e
muita curiosidade. Ter medo é bom, quem não tem medo coloca a vida do
cinegrafista, do motorista e de todo mundo em risco. Mas , é
importante nunca esquecer que o papel do profissional da informação é noticia
para o telespectador nem que pra isso seja necessário passar por situações
adversas.
Jornalista de verdade não é
dependente de assessoria, muito menos amiguinho de fonte da policia, exercito,
ou seja, quem for. O repórter precisa estar sempre bem informado, conhecer o
território do conflito e estar no local. Nada de jornalismo por telefone, de
confiar em tudo que assessor diz. É preciso saber quantas pessoas morreram, vá
para o campo. Os números, a emoção e a veracidade dos fatos são reais quando o
jornalista vê a situação com os próprios olhos. Não é qualquer profissional que
é capaz de ser jornalista de conflito, ainda mais no Brasil aonde o veículo de
comunicação, cada vez mais encobrem a sujeira do Estado.
Cada emissora é responsável por
seu repórter. É preciso ter cuidado com esse profissional, com a segurança de
tal e não se preocupar apenas se a matéria está chegando ou não. Capacitar,
proteger e assegurar a vida do repórter. Durante um conflito em uma favela em
pacificação, o jornalista precisa estar de colete-e um colete diferenciado do
que a policia utiliza. Repórter não pode ser confundido com policial a paisana,
ele precisa ser identificado como um profissional da informação, que está ali
para transpor a realidade dos fatos e não está defendendo nenhum dos lados.
É importante capacitar os
cinegrafistas, motoristas e assistentes também sobre a importância de
acompanhar a policia e respeitar o esquema de segurança. O psicológico nesse
momento é fundamental, estar preparado e capacitado. O jornalista precisa ter
noções de primeiros socorros, caso ocorra uma bala perdida como ele vai reagir,
ou se o colega da outra emissora perder uma perna como ele vai ajudar. Em
momentos assim não existem enfermeiros ou hospitais por perto, é guerra.
Escrever sobre conflito sem antes
viver um é fácil. Mas, a situação se transforma quando é a sua equipe que está
atrás de uma parede esperando a proteção da policia. Ou quando o editor cobra
uma imagem que o concorrente fez e você perdeu porque estava com medo. Guerra é
Guerra. Mas, preparação e capacitação nunca são demais.
Um beijo carinhoso!
Aline