quarta-feira, 31 de julho de 2013

GUERRA É GUERRA!

Olá,

Meus queridos!

Durante uma semana participei de um curso de extensão no exercito! O treinamento foi bem bacana e o resultado também. Vou colocar algumas fotos para vocês. Ah, também escrevi um texto e espero que gostem. Usei muito a emoção, por isso não gostei tanto!

Quanto vale uma imagem e qual o valor de uma vida? Escolher ser jornalista e aprender a lidar com o medo, e não eliminá-lo. Muitas pessoas escolhem a profissão dos sonhos, do dinheiro ou até mesmo por status, mas, o jornalismo escolhe as pessoas. É necessário amor, paixão e muita curiosidade.


O jornalista precisa estar preparado para tudo, pois um conflito não escolhe plantão e não respeita escala de trabalho, também, é necessário força, garra e um psicológico forte. O repórter de verdade não pensa duas vezes na hora de realizar uma cobertura, seja no morro ou fora do país. Mas, é necessário entender os riscos. Como tantas outras profissões o repórter corre perigo, o tempo todo, pode ser atingido bala perdida, ou uma explosão ou até mesmo perder a vida. Por isso, é importante entender o valor de uma imagem.

Atualmente, o telespectador não quer saber se houve um tiroteio no Morro do Alemão, ele quer ver a bala perdida que matou o morador Y. Não basta saber da informação, é preciso ter imagens e repassa-la. Se o jornalista de determinada empresa não estiver presente em determinada área ou conflito, o concorrente com certeza vai estar e a matéria estará no ar. Mas, até que ponto vale a pena arriscar a própria vida por uma matéria?


A vida é o bem mais precioso que temos e sem sombra de duvida ninguém quer arriscar o próprio pescoço para gerar noticia para a emissora. Mas, às vezes é necessário estar no campo minado, correr esse risco e fazer vale a pena tudo que aprendeu dentro da redação, nem que seja pensando apenas no prêmio de melhor jornalista.  É necessário um preparo.


Estar em um conflito urbano não é simplesmente pegar o carro, chamar o cinegrafista e aperta o REC. Existe uma diversidade de cursos que preparam o profissional da informação para esses combates, cursos intensivos que provocam situações reais. O repórter não precisa levar um tiro de bala de borracha para saber que dói, nem uma facada para saber que é preciso tomar cuidado. Por isso, os cursos são tão importantes para a vida do jornalista. Estar preparado é sempre estar na frente.

Afinal de contas, o Brasil está passando por um período de mudanças, movimentação e muita manifestação. O povo está na rua, com bandeiras, voz e algumas pessoas optam pelo vandalismo e violência. Ao mesmo tempo, em outros países centenas de carros e prédios são incendiados e pessoas são presas diariamente. Tanques de guerra estão nas ruas e pessoas presas em casa com medo de toda movimentação irregular. Qual o papel que o jornalista deve exercer em momentos como esse? E o posicionamento? E o veiculo?

Não é preciso ir longe para encontrar um cenário de guerra como esse. O famoso gigante acordou, movimentou redação, deixou muito jornalista sem saber para onde ir, sem informação. O junho de 2013 será lembrado para sempre na memória dos brasileiros. E será que os jornalistas estavam preparados para cobrir tanta manifestação e movimento de vandalismo? E o sensacionalismo? A imparcialidade? E conteúdo? Muito jornalista estava perdido no movimento, sem entender de historia e política, pior ainda, sem saber como se defender no meio de tanto spray e tiro de borracha.



Conflito é conflito. O jornalista não precisa realizar cursos de extensão de correspondente em assuntos de conflitos só para realizar a cobertura no Haiti, Afeganistão ou Ira. Ele precisa estar preparado para subir as favelas pacificadas, saber como reagir durante um tiroteio, e também lidar com a fúria de manifestantes em meio a uma manifestação urbana. Calma, foco e segurança.

Mas, às vezes é necessário estabelecer metas e o foco da cobertura ou da missão. O jornalista tem o papel de cumprir com a verdade, mostrar a realidade e não deixar nada passar. E o que fazer quando a repórter precisa do apoio da policia para entrar em um conflito? Quando o exercito vai dar cobertura para o correspondente internacional? Como o jornalista deve se portar nessa situação, esta do lado da noticia ou da segurança pessoal?

O repórter não precisa ser irresponsável para conseguir dar o furo ou registrar um fato. É possível estar em um conflito sem correr risco, é necessário respeitar a segurança e os limites invisíveis que o a situação propõe. O jornalista tem o papel de fazer noticia e não de ser a noticia. Por isso, é necessário cuidado, preparação e muita curiosidade. Ter medo é bom, quem não tem medo coloca a vida do cinegrafista, do motorista e de todo mundo em risco. Mas, é importante nunca esquecer que o papel do profissional da informação é noticia para o telespectador nem que pra isso seja necessário passar por situações adversas.


Jornalista de verdade não é dependente de assessoria, muito menos amiguinho de fonte da policia, exercito, ou seja, quem for. O repórter precisa estar sempre bem informado, conhecer o território do conflito e estar no local. Nada de jornalismo por telefone, de confiar em tudo que assessor diz. É preciso saber quantas pessoas morreram, vá para o campo. Os números, a emoção e a veracidade dos fatos são reais quando o jornalista vê a situação com os próprios olhos. Não é qualquer profissional que é capaz de ser jornalista de conflito, ainda mais no Brasil aonde o veículo de comunicação, cada vez mais encobrem a sujeira do Estado.

Cada emissora é responsável por seu repórter. É preciso ter cuidado com esse profissional, com a segurança de tal e não se preocupar apenas se a matéria está chegando ou não. Capacitar, proteger e assegurar a vida do repórter. Durante um conflito em uma favela em pacificação, o jornalista precisa estar de colete-e um colete diferenciado do que a policia utiliza. Repórter não pode ser confundido com policial a paisana, ele precisa ser identificado como um profissional da informação, que está ali para transpor a realidade dos fatos e não está defendendo nenhum dos lados.

É importante capacitar os cinegrafistas, motoristas e assistentes também sobre a importância de acompanhar a policia e respeitar o esquema de segurança. O psicológico nesse momento é fundamental, estar preparado e capacitado. O jornalista precisa ter noções de primeiros socorros, caso ocorra uma bala perdida como ele vai reagir, ou se o colega da outra emissora perder uma perna como ele vai ajudar. Em momentos assim não existem enfermeiros ou hospitais por perto, é guerra.
 
Escrever sobre conflito sem antes viver um é fácil. Mas, a situação se transforma quando é a sua equipe que está atrás de uma parede esperando a proteção da policia. Ou quando o editor cobra uma imagem que o concorrente fez e você perdeu porque estava com medo. Guerra é Guerra. Mas, preparação e capacitação nunca são demais.




Um beijo carinhoso!
Aline